Confesso que nunca assistir
o filme “Um amor para recordar”, apesar
de toda a historia me ser contada pela minha irmã. Mas, outro dia desses baixei
o livro do Nicholas Sparks “A Walk to Remember” em português e comecei a ler e
é inexplicavelmente perfeito. Foi no livro que foi baseado o
filme, e eu não poderia deixar de contemplar meu blog com alguns trechos dessa
obra, então vou postar alguns trechos aqui, aqueles que mais me apaixonei, sorri e
chorei.
“- Nunca te perguntas
por que é que as coisas têm de ser da maneira como são?
Fiz que sim com a
cabeça, hesitante.
- Tenho pensado muito
nisso ultimamente.
Mais até do que o
costume? Quis perguntar, mas não o fiz. Percebi que ela tinha mais para dizer e
fiquei calado.
- Eu sei que Deus tem
um plano para todos nós, mas, às vezes, não consigo perceber a mensagem. Isso
nunca te acontece?
Disse aquilo como se
fosse algo em que eu pensasse o tempo todo.
- Bem - disse, tentando
fingir que pensava no assunto - não creio que tenhamos sempre de a compreender.
Acho que, às vezes, precisamos apenas de ter fé.”
“Alguns minutos mais
tarde, quando estendi o braço ao longo do assento, consegui finalmente segurar
na mão dela, e para completar uma noite perfeita, ela não a retirou.”
“Num momento estava
ali diante dela, esperando dirigir-me para o canto da varanda e, no momento
seguinte, não estava. Em vez de me encaminhar para as cadeiras, avancei um
passo para mais perto dela e dei por mim a pegar-lhe na mão. Tomei-a na minha e
fixei-a com o olhar, aproximando-me só mais um pouco. Ela não recuou
propriamente, mas os seus olhos dilataram-se, apenas um pouco e, durante um
pequeníssimo, intermitente instante, pensei que tivesse feito mal e ponderei se
deveria ir mais além. Parei e sorri, inclinando a cabeça para o lado e, logo a
seguir, vi que ela tinha fechado os olhos e estava também a inclinar a cabeça e
que os nossos rostos se estavam a aproximar um do outro. Não demorou assim tanto
tempo e, certamente, não foi o beijo que se vê nos cinemas hoje em dia, mas foi
maravilhoso à sua maneira, e tudo o que consigo recordar daquele momento foi
que, quando os nossos lábios se tocaram pela primeira vez, eu sabia que a
recordação iria durar para sempre.”
“- Como é que sabes
que era amor? - perguntou-me.
Observei a brisa a
levantar-lhe levemente os cabelos, e sabia que não era altura de fingir ser uma
coisa que na verdade não era.
- Bem - afirmei num
tom sério -, sabe-se que é amor quando tudo o que nos apetece fazer é estar com
a outra pessoa, e sabemos mais ou menos que a outra pessoa sente o mesmo.
Jamie pensou na minha
resposta antes de sorrir vagamente.
- Estou a ver - disse
ela baixinho. Esperei que acrescentasse mais alguma coisa, mas não o fez e
cheguei subitamente a outra conclusão.
Jamie podia não ter
muita experiência com rapazes, mas, para vos dizer a verdade, parecia estar a
manipular muito bem os meus sentimentos.”
“- Não consigo pensar
noutra coisa senão nela, mãe - confessei. - Quer dizer, eu sei que ela gosta de
mim, mas não sei se sente o mesmo que eu sinto.
- Ela é assim tão
importante para ti? - perguntou.
- É - respondi
baixinho.
- Bem, o que é que
tentaste até agora?
- Que quer dizer?
A minha mãe sorriu.
- Quero dizer que as
mulheres, mesmo a Jamie, gostam que as façam sentir-se especiais.
Pensei nisso durante
um momento, um pouco confuso. Não era o que andava a tentar fazer?
- Bem, tenho ido a
casa dela todos os dias - disse eu.
A minha mãe pousou-me
a mão no joelho. Apesar de não ser uma grande dona de casa e, de por vezes, me
provocar, como já referi, era mesmo uma senhora amorosa.
- Ir a casa dela é
bom, mas não é a coisa mais romântica do mundo. Devias fazer alguma coisa que
lhe mostrasse realmente o que sentes por ela.”
“Estava apaixonado, e
a sensação era ainda mais profunda do que alguma vez eu imaginara ser possível.”
“- As pessoas acham
que eu sou estranha, não acham? - perguntou de novo.
A minha respiração
saía em pequenas baforadas.
- Sim - respondi por
fim. Custou-me ter de dizê-lo. - Porquê? Parecia quase desanimada.
Pensei no assunto.
- As pessoas têm
razões diferentes - disse vagamente, esforçando-me para não ir mais longe.
- Mas porquê,
exatamente? É por causa do meu pai? Ou é porque eu tento ser boa para as
pessoas?
Não queria estar ali.
- Suponho que sim -
foi tudo o que consegui responder. Senti-me um pouco agoniado.
Jamie parecia
desapontada e caminhamos um pouco mais em silêncio.
- Também pensas que
eu sou estranha? - perguntou-me.
A maneira como o
disse magoou-me mais do que eu imaginara possível. Estávamos quase a chegar a
casa dela quando lhe cortei o passo e a abracei com força. Beijei-a e, quando
nos separamos, ela olhou para o chão.
Coloquei o meu dedo
por baixo do queixo dela, levantando-lhe a cabeça e fazendo com que olhasse de
novo para mim.
- Tu és uma pessoa
maravilhosa, Jamie. És linda, és generosa, és delicada... És tudo o que eu
gostaria de ser. Se os outros não gostam de ti, ou pensam que és estranha, o
problema é deles.”
“- Amo-te, Jamie -
disse-lhe. - És a melhor coisa que já me aconteceu.
Era a primeira vez
que dizia aquelas palavras a alguém. Quando imaginava pronunciá-las pensava
sempre que iria ser difícil, mas não foi. Nunca antes tivera tanta certeza de
qualquer coisa.”
“- Não podes estar
apaixonado por mim, Landon - disse ela de olhos vermelhos e inchados. - Podemos
ser amigos, podemos encontrar-nos... Mas não podes amar-me.
- Por que não? -
gritei roucamente, não percebendo nada daquilo.
- Porque - disse ela,
por fim, baixinho - estou muito doente, Landon.”
“Um sorriso triste
atravessou-lhe o rosto e soube imediatamente o que ela estava a tentar
dizer-me. Os seus olhos nunca deixaram os meus quando, finalmente, disse as
palavras que me entorpeceram a alma.
- Estou a morrer,
Landon.”
“Jamie Sullivan tinha
leucemia...
Jamie, a querida
Jamie, estava a morrer...
A minha Jamie...
- Não, não -
murmurei-lhe - tem de haver algum engano... Mas não havia e, quando ela me
falou de novo, o meu mundo esvaziou-se. A minha cabeça começou a andar à roda,
e agarrei-me a ela com força para não perder o equilíbrio. Na rua, vi um homem
e uma mulher caminhando na nossa direção, de cabeça baixa e as mãos nos chapéus
para evitar que o vento os levasse. Um cão atravessou rapidamente a rua e parou
para farejar os arbustos. Um vizinho em frente estava em cima de um escadote,
desmontando as suas luzes de Natal. Cenas normais da vida de todos os dias,
coisas em que nunca teria reparado antes, subitamente fazendo com que me
sentisse irritado. Fechei os olhos, querendo que tudo aquilo desaparecesse.”
“Deus escuta as
nossas preces.
Assim, naquela noite,
abri a Bíblia que Jamie me oferecera no Natal e comecei a ler. Já ouvira ler a
Bíblia na catequese de domingo ou na igreja, mas para ser franco, apenas me
lembrava dos pontos altos - as sete pragas ordenadas por Deus para que os
Israelitas pudessem sair do Egito, Jonas a ser engolido pela baleia, Jesus
caminhando sobre a água ou a ressuscitar Lázaro de entre os mortos. Também
havia outros pontos altos. Sabia que praticamente em cada capítulo da Bíblia
Deus fazia alguma coisa de espetacular, mas não os conhecia todos. Como
cristãos, aprendíamos muito os ensinamentos do Novo Testamento, e não sabia
absolutamente nada de livros como o de Josué, ou de Rute, ou de Joel. Na
primeira noite, li o Gênesis todo, na segunda noite li o Êxodo. A seguir veio o
Levítico, seguido dos Números e depois do Deuteronômio. Algumas partes lia mais
devagar, especialmente quando eram explicadas as leis todas. No entanto, não
era capaz de pousar o livro. Era uma compulsão que eu não compreendia
inteiramente.
Era já tarde uma
noite, e já estava cansado, quando, por fim, cheguei aos Salmos. Por um motivo
qualquer, sabia que era aquilo que procurava. Já todos ouviram o vigésimo
terceiro salmo, que começa, "O Senhor é o meu pastor, nada me falta",
mas queria ler os outros, uma vez que nenhum deles devia ser mais importante
que os outros. Uma
hora depois encontrei uma secção sublinhada que supus ter sido anotada por
Jamie, porque significaria algo de importante para ela. Dizia assim:
A Vós clamo, Senhor.'
Ó meu rochedo não
sejais surdo à minha voz,
Não suceda que, não
me ouvindo,
Eu fique semelhante
àqueles que descem ao abismo.
Ouvi a voz da minha
súplica, quando clamo por Vós,
Quando levanto as
minhas mãos para o Vosso santo templo.
De alguma maneira,
sabia que ela a sublinhara para mim.”
“Amo-te, Jamie -
declarei de novo, mas desta vez ela não teve medo. Em vez disso, os nossos
olhos encontraram-se por cima da mesa, e vi os dela começarem a brilhar.
Suspirou e desviou o olhar, passando a mão pelo cabelo. Depois voltou-se de
novo para mim. Beijei-lhe a mão, sorrindo também.
- Também te amo -
murmurou ela finalmente.
Eram as palavras que
eu havia rezado por ouvir.”
“Disse-me que, se
alguma vez tivesse oportunidade, queria que fosse essa a passagem a ser lida no
seu casamento. Era isto o que dizia:
“Jamie, muito
agasalhada, encontrava-se de pé a meu lado no extremo do pontão Jron Steamer
vendo cair aquela perfeita noite do sul. Apontei para o horizonte e disse-lhe
para esperar. Reparei nas nossas respirações, a dela mais rápida do que a
minha. Tive de apoiar Jamie enquanto ali permanecíamos - parecia mais leve do
que as folhas de uma árvore caídas no Outono - mas sabia que ia valer a pena.
Finalmente a Lua, com
as suas crateras, resplandecente, iniciou a sua aparente ascensão a partir do
mar, projetando um prisma de luz através das águas que escureciam devagar,
dividindo-se em mil partes distintas, cada uma mais bonita do que a outra.
Exatamente ao mesmo tempo, o Sol encontrava-se com o horizonte na direção
oposta, pintando o céu de vermelho, cor de laranja e amarelo, como se o Paraíso
acima tivesse subitamente aberto as suas portas e deixado toda aquela beleza
evadir-se dos seus confins divinos. O oceano transformava-se em prata dourada à
medida que as cores volúveis se refletiam nele, as águas encrespando-se e
cintilando com a mudança de luz, uma visão gloriosa, quase como no principio do
mundo.
O Sol continuou a
cair, projetando o seu brilho tão longe quanto a vista podia alcançar, antes de
por fim, lentamente, desaparecer sob as ondas. A Lua continuava a sua vagarosa
escalada, tremeluzindo em mil diferentes tons de amarelo, cada vez mais
pálidos, antes de finalmente se tornar da cor das estrelas.
Jamie observou tudo
isto em silêncio, o meu braço apoiando-a com firmeza, a sua respiração ofegante
e fraca. Quando o céu, por fim, escureceu e as primeiras luzes cintilantes
começaram a aparecer no distante firmamento do sul, tomei-a nos braços.
Beijei-lhe delicadamente ambas as faces e depois, por fim, os lábios.
- É isto - disse eu -
exatamente o que sinto por ti.”
“- E quando te pedi
para ires comigo ao baile, fizeste-me prometer não me apaixonar por ti, mas
sabias que eu ia apaixonar-me, não sabias?
Jamie tinha um brilho
travesso nos olhos.
- Sim.
- Como é que sabias?
Encolheu os ombros
sem responder, e permanecemos alguns instantes a observar a chuva batendo
contra as vidraças.
- Quando te dizia que
rezava por ti - disse ela, finalmente - de que é que achas que estava a falar?”
“A Bíblia estava
ainda aberta na página onde eu interrompera a leitura e, apesar de Jamie estar
a dormir, senti necessidade de ler mais um pouco. Acabei por descobrir outra
passagem. Era isto que dizia:
Não digo isto como
quem manda. mas para provar; comparando-a à dos outros, a sinceridade do vosso
amor.
As palavras
trouxeram-me as lágrimas de novo e, no momento em que ia começar a chorar, o
seu significado tornou-me subitamente claro.
Deus tinha,
finalmente, respondido à minha pergunta e, de repente, soube o que tinha a
fazer.”
“- Amas-me? -
perguntei-lhe.
Ela sorriu.
- Sim.
- Queres que eu seja
feliz? - Enquanto lhe fazia a pergunta, senti o coração começar a acelerar.
- Claro que quero.
- Fazes-me um favor,
então?
Ela desviou o olhar,
a tristeza atravessando-lhe as feições.
- Não sei se ainda
consigo.
- Mas se pudesses,
fazias?
Não consigo descrever
satisfatoriamente a intensidade daquilo que estava a sentir naquele momento.
Amor, raiva, tristeza, esperança e medo, redemoinhando juntos, aguçados pelo
nervosismo que sentia. Jamie olhou curiosa para mim, e a minha respiração
tornou-se mais fraca. De repente, sabia que nunca sentira tanto por uma pessoa
como naquele momento. Enquanto a olhava nos olhos, a simples compreensão desse
fato fez-me desejar pela milionésima vez poder fazer com que tudo aquilo cessasse.
Se tivesse sido possível teria dado a minha vida pela dela. Queria falar-lhe
dos meus pensamentos, mas o som da sua voz silenciou subitamente as emoções
dentro de mim.
- Sim - respondeu por
fim, a voz fraca mas de alguma forma ainda cheia de esperança. - Fazia.
Controlando-me por
fim, beijei-a de novo, depois levei a minha mão ao seu rosto, passando
ternamente os dedos pela sua face. Maravilhei-me com a suavidade da sua pele, a
doçura que vi nos seus olhos. Mesmo naquele momento, ela era perfeita.
Comecei de novo a
sentir um nó na garganta, mas como disse, sabia o que tinha de fazer. Já que
tinha de aceitar que não estava ao meu alcance poder curá-la, o que queria era
dar-lhe algo que ela sempre desejara.
Era o que o meu
coração me dissera para fazer há muito tempo.
Jamie, compreendi
então, já me tinha dado a resposta de que estivera à procura, que o meu coração
precisara de encontrar. Dera-me a resposta quando estávamos sentados à porta do
escritório de Mr. Jenkins, na tarde em que lhe fomos falar da peça para os
órfãos.
Sorri ternamente, e
ela retribuiu o meu afeto apertando-me levemente a mão, como se confiasse em
mim e no que eu estava prestes a fazer. Encorajado, inclinei-me para mais perto
dela e respirei fundo. Foram então estas as palavras que saíram de dentro de
mim.
- Casas comigo?”
“Lembro-me de Jamie a
responder afirmativamente à minha pergunta ansiosa e de como ambos começamos a
chorar.”
“O meu pai
entregou-me a aliança que a minha mãe me ajudara a escolher, e Jamie deu-me uma
também. Enfiámo-las nos dedos. Hegbert observou-nos enquanto o fazíamos e,
quando, por fim, estávamos prontos, declarou-nos marido e mulher. Beijei Jamie
ternamente enquanto a minha mãe começava a chorar, depois segurei a mão de
Jamie na minha. Diante de Deus e de todos, prometi o meu amor e a minha devoção,
na doença e na saúde, e nunca me senti tão bem em relação a coisa alguma.
Aquele foi,
lembro-me, o momento mais maravilhoso da minha vida.”
“O amor é como o
vento: Não se vê, mas se sente”.
(Nicholas Sparks)
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