“Submissão é a libertação da obrigação de ter tudo acontecendo como eu quero.”
Quando eu era criança, a partir de mais ou menos dois anos e meio, eu comecei a ter problemas respiratórios, de repente qualquer poeira ou fumaça me fazia ir pro hospital e ficar muitas vezes internada entre três a quatro dias, e ás vezes isso acontecia mensalmente.
De toda forma, sempre tentei viver minha vida de uma forma normal, claro que com as recomendações médicas, eu tinha uma LISTA de coisas que eram PROIBIDAS pra mim.
Dentre coisas dessa lista estava ele, todo delicioso, apetitoso, muito gelado e gorduroso: O Sorvete.
Eu não podia tomar nada gelado, nem podia sair à noite, que dirá me dar o luxo de tomar algo extremamente gelado, mas, eu era criança e não me conformava com isso (e mesmo hoje adulta tem coisas que ainda não me conformo) então eu fui fazer o pedido a quem poderia me dar, a quem era uma pessoa que me amava muito e podia muito bem fazer minhas vontades:
- Mãe, você me dar sorvete?
- Claro, filha, eu vou ali comprar pra você.
(Eu na expectativa de tomar sorvete, com os olhos brilhando de felicidade.)
- Aqui filha, seu sorvete.
- Mãe, isso não é sorvete! Tá quente, sorvete é gelado! Eu não quero isso, é muito ruim! Eu odeio isso!
- Filha, é o sorvete que você pode tomar!
(Choros eternos meu.)
De principio, você poderia ter duas opiniões: “Que mãe boa, vai fazer a vontade da Shirley” ou “Que mãe miserável, não sabe que ela vai ficar doente, por que vai fazer a vontade dela?”.
A questão toda é que ela não se encaixou em nenhuma dessas duas opiniões, Ela atendeu a minha vontade, mas de uma forma que não me prejudicasse.
Entende?
Eu queria algo que poderia me matar e ela sabia disso, mas, ao mesmo tempo não queria me dar uma bronca, Ela quis procurar algo melhor, ela foi até uma Bomboniere e comprou um doce chamado “Maria mole” que tem o formato de um sorvete e parece com um, a diferença é que não é gelado (e nem bom rs). Mas, eu não queria nem saber, eu chorei muito por que queria o meu sorvete, mas isso a não a comoveu, por que ela me amava e sabia que não poderia fazer uma vontade que me prejudicaria lá na frente, por que as vontades a gente supera, mas as conseqüências a gente paga e muitas vezes o preço é caro.
E não é o mesmo que acontece entre nós e Deus?
A gente pede, chora, fica bravo e até perdi as estribeiras quando as coisas não acontece como a gente quer, mas será que se acontecesse seria o melhor?
Será que Deus não está procurando algo MUITO melhor pra mim, do que aquilo que eu quero com o pensamento raso que tenho?
Ele é um Pai maravilhoso, e nos ama incondicionalmente, e melhor tem conhecimento de nosso futuro, então é a melhor Pessoa para determinar aquilo que podemos ter ou não.
Isso é submissão, é imergir dentro da vontade dele, independente das nossas.
As coisas NÃO vão sair do jeito que eu quero e nem do jeito que você quer, por que o nosso querer é imperfeito e nosso nível é raso.
Repare que ontem, eu ganhava Maria mole, hoje tenho saúde pra tomar um potão de sorvete!
E você?
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