Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados."
Isaías 53:5
Jacó sempre foi pedra no sapato de muita gente. Sua história é como uma manta de recortes cheia de pedaços sombrios e estranhos que parecem não encaixar ou fazer sentido. Em algumas partes parece até mesmo furada. Desde o ventre de sua mãe ele causou desconforto e até os dias de hoje é para muitas pessoas uma encruzilhada no meio do caminho teológico. Como poderia Deus amar a um irmão e odiar ao outro se estes nem eram nascidos? Para “atrapalhar” ainda mais, o fato de ter sido escolhido por Deus não impediu que ele cometesse diversas injustiças. Roubou a bênção de primogenitura de seu irmão, casou com duas esposas que ainda por cima eram irmãs (sem falar nas concubinas-escravas). A lista é longa.
Quando já era um homem maduro, Jacó foi chamado por Deus para voltar à terra dos seus parentes, Canaã. Levando tudo o que tinha (e que não era pouco) e temendo o encontro com seu irmão vingativo no meio do caminho, Jacó divide os seus bens em grupos e manda à frente uma caravana de rebanhos de presente para seu irmão Esaú: duzentas cabras e vinte bodes; duzentas ovelhas e vinte carneiros; trinta camelas de leite com suas crias, quarenta vacas e dez novilhos; vinte jumentas e dez jumentinhos. Cinco centenas de animais de presente só podem significar medo, pavor. E remorso, muito remorso.
No meio dessa angústia toda, Jacó fica para trás, sozinho. Nessa mesma noite, antes de encontrar-se com seu irmão, ele é abordado por um homem desconhecido. O relato bíblico não oferece muitos detalhes de como o fato seguinte aconteceu, mas sabemos que durante toda madrugada, até o raiar do dia, Jacó e o homem lutam. O embate é narrado como algo físico, mas entendemos que todas as faculdades de Jacó estavam envolvidas no conflito daquele momento: suas emoções, com todas as lembranças do passado e ansiedades do futuro, seu corpo já velho e marcado pelo tempo, sua alma eterna, em um conflito de rendição.
Durante toda a sua vida, Jacó lutou. Lutou contra os costumes, contra a família, contra a sociedade, contra o próprio Deus. Sua astúcia e atrevimento o levaram para lugares que ele nunca imaginaria, especialmente como filho mais novo. E agora, nessa nova jornada de volta à Canaã, seria mais uma vez sua esperteza que o livraria das mãos de seu irmão Esaú. Seus bens e riquezas, conquistados com seu próprio trabalho e esforço. Ele poderia olhar para toda a caravana de pessoas e animais e orgulhar-se de si mesmo. Será que conseguiria mais uma vez se livrar das consequências de suas ações?
Deus tinha outros planos. Ele já havia traçado os passos de Jacó para esse momento e durante a luta que segue durante a madrugada, Jacó finalmente entende que sua luta principal não era pelo perdão de seu irmão, pela conquista de bens materiais ou pela geração de uma descendência. Sua batalha era com o próprio Deus. Ele poderia conquistar tudo com as próprias mãos, mas se Deus não o abençoasse, nada disso valeria a pena. Sua alma eterna continuaria vazia e fadada ao inferno.
Ao assumir a forma de homem, Deus vai ao encontro de Jacó, como faz conosco através de Jesus, e nos resgata através das suas próprias feridas e sacrifício. Nosso encontro com Deus, porém, nunca acontece sem deixar marcas. Assim como Jacó, que ficou manco, saímos marcados pelo encontro com Cristo. Sim, Ele sara nossas dores e é o bálsamo das nossas almas. Mas não é sem dor que chegamos à nova vida. Não é à toa que a imagem usada para a conversão seja o novo nascimento: dores de parto e angústias até que a nova vida chegue à luz.
Para além da conversão, em nosso amadurecimento e crescimento de intimidade com Jesus, também somos levados para lugares ermos e solitários onde vamos lutar com Cristo. Mesmo convertidos e chamados pela sua graça, ainda lutamos para aceitar seus mandamentos e cumprir suas ordenanças. Ainda lutamos para entender seus propósitos em meio às angústias da vida. Um encontro com Jesus sempre produzirá uma marca em nós. E, infelizmente, o pecado faz com que essas marcas sejam muitas vezes doloridas e nos deixem mancos.
O alívio está em saber que, assim como Jacó, também poderemos exclamar “Vi a Deus face a face e, todavia, minha vida foi poupada”(Gênesis 32.30). Afinal, a cada dor nossa, a cada marca deixada pelo encontro com Jesus, ou pelo preço do pecado e suas consequências, poderemos descansar no Deus que vem ao nosso encontro. Que passa pelas dores e que também é marcado.
Cecilia J. D. Reggiani
Benditas Blog
Com esperança
Lavínia da Hora
Isaías 53:5
Jacó sempre foi pedra no sapato de muita gente. Sua história é como uma manta de recortes cheia de pedaços sombrios e estranhos que parecem não encaixar ou fazer sentido. Em algumas partes parece até mesmo furada. Desde o ventre de sua mãe ele causou desconforto e até os dias de hoje é para muitas pessoas uma encruzilhada no meio do caminho teológico. Como poderia Deus amar a um irmão e odiar ao outro se estes nem eram nascidos? Para “atrapalhar” ainda mais, o fato de ter sido escolhido por Deus não impediu que ele cometesse diversas injustiças. Roubou a bênção de primogenitura de seu irmão, casou com duas esposas que ainda por cima eram irmãs (sem falar nas concubinas-escravas). A lista é longa.
Quando já era um homem maduro, Jacó foi chamado por Deus para voltar à terra dos seus parentes, Canaã. Levando tudo o que tinha (e que não era pouco) e temendo o encontro com seu irmão vingativo no meio do caminho, Jacó divide os seus bens em grupos e manda à frente uma caravana de rebanhos de presente para seu irmão Esaú: duzentas cabras e vinte bodes; duzentas ovelhas e vinte carneiros; trinta camelas de leite com suas crias, quarenta vacas e dez novilhos; vinte jumentas e dez jumentinhos. Cinco centenas de animais de presente só podem significar medo, pavor. E remorso, muito remorso.
No meio dessa angústia toda, Jacó fica para trás, sozinho. Nessa mesma noite, antes de encontrar-se com seu irmão, ele é abordado por um homem desconhecido. O relato bíblico não oferece muitos detalhes de como o fato seguinte aconteceu, mas sabemos que durante toda madrugada, até o raiar do dia, Jacó e o homem lutam. O embate é narrado como algo físico, mas entendemos que todas as faculdades de Jacó estavam envolvidas no conflito daquele momento: suas emoções, com todas as lembranças do passado e ansiedades do futuro, seu corpo já velho e marcado pelo tempo, sua alma eterna, em um conflito de rendição.
Durante toda a sua vida, Jacó lutou. Lutou contra os costumes, contra a família, contra a sociedade, contra o próprio Deus. Sua astúcia e atrevimento o levaram para lugares que ele nunca imaginaria, especialmente como filho mais novo. E agora, nessa nova jornada de volta à Canaã, seria mais uma vez sua esperteza que o livraria das mãos de seu irmão Esaú. Seus bens e riquezas, conquistados com seu próprio trabalho e esforço. Ele poderia olhar para toda a caravana de pessoas e animais e orgulhar-se de si mesmo. Será que conseguiria mais uma vez se livrar das consequências de suas ações?
Deus tinha outros planos. Ele já havia traçado os passos de Jacó para esse momento e durante a luta que segue durante a madrugada, Jacó finalmente entende que sua luta principal não era pelo perdão de seu irmão, pela conquista de bens materiais ou pela geração de uma descendência. Sua batalha era com o próprio Deus. Ele poderia conquistar tudo com as próprias mãos, mas se Deus não o abençoasse, nada disso valeria a pena. Sua alma eterna continuaria vazia e fadada ao inferno.
Ao assumir a forma de homem, Deus vai ao encontro de Jacó, como faz conosco através de Jesus, e nos resgata através das suas próprias feridas e sacrifício. Nosso encontro com Deus, porém, nunca acontece sem deixar marcas. Assim como Jacó, que ficou manco, saímos marcados pelo encontro com Cristo. Sim, Ele sara nossas dores e é o bálsamo das nossas almas. Mas não é sem dor que chegamos à nova vida. Não é à toa que a imagem usada para a conversão seja o novo nascimento: dores de parto e angústias até que a nova vida chegue à luz.
Para além da conversão, em nosso amadurecimento e crescimento de intimidade com Jesus, também somos levados para lugares ermos e solitários onde vamos lutar com Cristo. Mesmo convertidos e chamados pela sua graça, ainda lutamos para aceitar seus mandamentos e cumprir suas ordenanças. Ainda lutamos para entender seus propósitos em meio às angústias da vida. Um encontro com Jesus sempre produzirá uma marca em nós. E, infelizmente, o pecado faz com que essas marcas sejam muitas vezes doloridas e nos deixem mancos.
O alívio está em saber que, assim como Jacó, também poderemos exclamar “Vi a Deus face a face e, todavia, minha vida foi poupada”(Gênesis 32.30). Afinal, a cada dor nossa, a cada marca deixada pelo encontro com Jesus, ou pelo preço do pecado e suas consequências, poderemos descansar no Deus que vem ao nosso encontro. Que passa pelas dores e que também é marcado.
Cecilia J. D. Reggiani
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